Saúde Mamãe

Nova lei define agosto como Mês da Primeira Infância 1024 403 Andre

Nova lei define agosto como Mês da Primeira Infância

A partir de agora, todo mês de agosto será dedicado às ações de conscientização sobre a importância da atenção integral às gestantes e suas famílias e às crianças de zero a 6 anos de idade nesse período que é chamado de “Primeira infância”, especialmente nos primeiros mil dias de vida. A Lei nº14.617 , publicada no Diário Oficial da União nessa terça-feira (11/07), se soma à diversas outras temáticas e iniciativas como o Agosto Dourado, pela conscientização do aleitamento materno, e a campanha Pezinho no Futuro, que compartilha informações e desenvolve ações desde 2018 sobre a importância da Triagem Neonatal e sua ampliação no SUS para a saúde e futuro da criança.

Segundo o IBGE, o Brasil registrou, em 2021, cerca de 2,6 milhões de nascimentos. Essas crianças se somaram às nascidas em anos anteriores e que completam as pouco mais de 20,6 milhões que estavam na primeira infância naquele ano, de acordo com o DataSUS. É pensando nesse público extremamente importante e significativo que a nova norma será dedicada, prevendo iniciativas dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além da sociedade civil organizada, em oferta de atendimento integral e multiprofissional, promoção dos vínculos afetivos, da nutrição, imunização, direito de brincar e prevenção de acidentes e doenças. A lei também determina que as casas legislativas votem e priorizem debates sobre matérias voltadas às crianças na primeira infância no mês de agosto. 

“Esse é um período de ouro que pode impactar no futuro das nossas crianças em diversos aspectos. No caso das doenças raras congênitas, por exemplo, a conscientização sobre a importância do Teste do Pezinho para o diagnóstico precoce salva vidas e permite o início do tratamento adequado de imediato, antes mesmo do aparecimento de sintomas, podendo barrar o curso natural de desenvolvimento da doença”, explica Amira Awada, presidente do Instituto Vidas Raras, instituição organizadora da campanha Pezinho no Futuro. E ela completa: “Esse é um dos inúmeros exemplos que poderíamos citar para reforçar a relevância dessa nova lei, que é, sem dúvida, um grande ganho para as crianças, gestantes, familiares e para toda sociedade”.

No ano 2000, o economista James Heckman recebeu o Prêmio Nobel de Economia pelo estudo, que realiza com uma equipe multidisciplinar, sobre o impacto da qualidade do desenvolvimento na primeira infância nos resultados econômicos, sociais e na saúde de uma sociedade. Essa importância e as especificidades dessa fase da vida também deverão ter ampla divulgação em todos os setores da sociedade, em especial nos órgãos públicos, meios de comunicação, setores empresariais e acadêmicos, define a nova lei. 

 

*Com informações da Agência Senado e Agência Brasil.

Pré-eclâmpsia pós-parto: especialista explica essa condição 1024 359 Andre

Pré-eclâmpsia pós-parto: especialista explica essa condição

A Pré-eclâmpsia está entre as principais causas de mortalidade materna, caracterizada por aumento da pressão arterial associado a alguma disfunção de órgãos (rim, fígado, cérebro) e presença de proteína na urina ou de outros sintomas e sinais.  Ela pode aparecer na gestação, a partir da 20ª semana, mas também se desenvolver no pós-parto, geralmente, na primeira ou na segunda semana, podendo ocorrer até seis semanas depois.

Muitas pessoas ainda desconhecem essa condição e que ela pode ocorrer após o nascimento do bebê. Por isso, conversamos sobre o assunto com o Dr. Mário Macoto Kondo, Coordenador da Obstetrícia da Maternidade Pro Matre Paulista. Segundo ele, o alerta maior é na primeira e segunda semana ou durante todo o puerpério, pois nesse período a mãe geralmente está dedicada ao bebê, acaba descuidando de sua saúde e pode não se atentar aos sintomas discretos. 

Confira a entrevista e entenda sobre a pré-eclâmpsia no pós-parto!

 

MQA: Em que condições é possível desenvolver a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia no pós-parto? Qual a diferença entre as duas?

DR. MÁRIO KONDO: A pré-eclâmpsia caracteriza-se pelo aumento de pressão arterial, a partir da 20ª semana de gestação, acompanhado de perda de proteínas na urina, chamada de proteinúria (que sinaliza haver dano renal), ou de outros sintomas e sinais, como dor de cabeça, alterações na visão, dor abdominal, ganho de peso, edema de membros inferiores, inchaço das mãos e rosto. Se não for controlada, leva à eclâmpsia, fase mais grave, caracterizada por convulsões. As causas dessa enfermidade ainda não estão bem estabelecidas, sendo multifatorial (predisposição genética, imunológica, alteração vascular, estresse oxidativo, etc).

 

MQA: Em qual período do pós-parto que elas podem aparecer (até quanto tempo depois)?

DR. MÁRIO KONDO: No geral, o tratamento para a pré-eclâmpsia é fazer o parto para observar a melhora da condição clínica em um prazo de 24 a 48 horas, pois a retirada da placenta auxilia na melhora espontânea da doença. Algumas pacientes puérperas também podem desenvolver esse quadro após o nascimento do bebê, geralmente na primeira ou na segunda semana, podendo ocorrer até seis semanas depois. O alerta maior é na primeira e segunda semana ou durante todo o puerpério, pois nesse período a mãe geralmente está plenamente dedicada ao bebê e pode descuidar de sua saúde e não se atentar aos sintomas discretos.

 

MQA: Os sintomas são os mesmos de quando surgem na gravidez?

DR. MÁRIO KONDO: Não há diferença nos sintomas, que podem ser percebidos por uma dor de cabeça, alteração visual, dor abdominal, edema ou inchaço no pós-parto.

 

MQA: Qual o tratamento nesses casos?

DR. MÁRIO KONDO: As mulheres com pré-eclâmpsia leve devem fazer repouso, medir com frequência a pressão arterial e adotar uma dieta com pouco sal. Com prescrição médica, fazer uso de medicação anti-hipertensiva e, em casos graves poder necessário a internação para ser medicada com sulfato de magnésio para diminuir o risco de ter a eclâmpsia, e melhora das condições gerais e vigilância.

 

MQA: Essas condições no pós-parto deixam sequelas? Quais os riscos?

DR. MÁRIO KONDO: Se ela não for tratada adequadamente, pode ter convulsão, hemorragia cerebral, lesão do fígado com ou sem rotura, afetar os rins, podendo levar ao óbito.

 

MQA: Como prevenir?

DR. MÁRIO KONDO: O pré-natal adequado pode prevenir possíveis complicações graves e antecipar o tratamento. Comidas com teor de sódio mais baixo e alimentação saudável, atividade física moderada, diminuição do estresse, podem ajudar na prevenção das formas graves. Mas caso alguns desses sintomas descritos sejam sentidos, é preciso procurar o pronto-atendimento o mais rápido possível.

 

Infográfico da Pré-eclâmpsia: entenda a condição e previna-se! 1024 184 Andre

Infográfico da Pré-eclâmpsia: entenda a condição e previna-se!

A pré-eclâmpsia acontece quando a mulher desenvolve hipertensão na gravidez, em geral, depois da 20ª semana de gestação, também associada a outras complicações. É muito importante saber que, apesar de ter sintomas característicos, como dor de cabeça, inchaço, ganho de peso, entre outros, é possível que ela ocorra sem dar sinais aparentes. E infelizmente, a pré-eclâmpsia é uma das principais causas de morte entre grávidas no Brasil e ainda é cercada de dúvidas e desinformação.

Preparamos um infográfico com tudo o que você precisa saber sobre ela, confira!

 

*Com informações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e Ministério da Saúde.

Entenda sobre a doação de sangue do cordão umbilical 1024 403 Andre

Entenda sobre a doação de sangue do cordão umbilical

Após o nascimento do bebê, a placenta e o sangue do cordão umbilical são, rotineiramente, descartados. Porém, o sangue que resta neste material é extremamente rico em células jovens, imaturas e com capacidade de dar origem a todas as células do sangue. Essas células são capazes de produzir os elementos do sangue (hemácias, leucócitos e plaquetas) essenciais para o transplante de medula óssea.

Existem muitas doenças graves cujo tratamento necessita do transplante deste tipo de célula e, durante vários anos, a única fonte era a medula óssea. Mas, para que o transplante de medula possa ter sucesso, é necessário que ela seja o mais compatível possível com o paciente e, achar um doador assim é muito difícil, mesmo na própria família.

O sangue de cordão tornou-se, nos últimos anos, importante fonte de obtenção destas células. É um material facilmente obtido e manipulável, que não necessita ser totalmente compatível com o receptor, como no caso da medula óssea, sendo baixa a possibilidade de rejeição.

Como qualquer outra doação, a opção de doar o sangue do cordão também deve ser voluntária. Existem as opções de doação para banco público, onde o material pode ser utilizado por qualquer paciente que necessite de um transplante ou pode ser feita a doação familiar direcionada, onde o sangue pode ser utilizado em benefício de alguém da família que precise do transplante. Nesse caso, é a mãe do bebê que autoriza.

Como ser doadora?

A doação é muito simples. Se a mãe quiser doar, deve manifestar sua vontade durante a internação para o parto, quando será realizada uma entrevista para avaliar os antecedentes clínicos, cirúrgicos, obstétricos, ginecológicos e de doença hereditária na família da mãe e do pai do bebê, a fim de verificar a aptidão para ser doadora.

 

Como é feita a doação do sangue do cordão para um Banco Público?

A doação é realizada em maternidades credenciadas do programa da Rede BrasilCord, que reúne os bancos públicos de sangue de cordão. Existem alguns controles, no momento da coleta do sangue do cordão, necessários para um bom aproveitamento das unidades. Portanto, não se trata de uma doação universal como ocorre com sangue e que pode ser feita em qualquer hospital ou por qualquer pessoa, sendo limitada aos hospitais que fazem parte do programa.

 

Como é feita a coleta?

A coleta do sangue do cordão ocorre após o nascimento do bebê, durante o período em que ele está recebendo os primeiros cuidados pelo pediatra, e o médico está aguardando a saída da placenta do organismo materno. A coleta, portanto, não interfere no trabalho de parto e nem na saúde do bebê ou da mãe.

Antes de ser congelado (criopreservado), o sangue doado é testado para doenças infecciosas, sua vitalidade e capacidade de proliferação são avaliadas e é feita a determinação da tipagem HLA (compatibilidade necessária nos transplantes de medula). Também será coletado sangue da doadora para investigar doenças infectocontagiosas (Chagas, sífilis, HIV, hepatites, etc.). Estando todos os resultados normais, o material já pode ser liberado para transplante.

08 de outubro, Dia Nacional da Doação de Cordão Umbilical

A data comemorativa foi instituída pela Lei nº 13.309/2.016, com o objetivo de estimular esse tipo de doação, pois o material que seria jogado fora tornou-se, em alguns casos, a única chance de transplante para vários doentes.

 

No site do Instituto Nacional de Câncer, você pode conferir uma série de perguntas e respostas sobre as células-tronco, o sangue de cordão umbilical e placentário, a Rede BrasilCord, dos bancos públicos para doação, e muito mais. Acesse aqui e saiba mais.

 

Fontes: Biblioteca Virtual em Saúde/Ministério da Saúde e Redome/INCA.

Câncer de mama: entenda e previna-se! 1024 184 Andre
cancer de mama

Câncer de mama: entenda e previna-se!

O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação de células anormais da mama, que formam um tumor maligno. Esse é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres na maior parte do mundo, sendo estimados, de acordo com as últimas estatísticas mundiais do Globocan 2018 (BRAY, 2018), 2,1 milhões de casos novos de câncer e 627 mil óbitos pela doença por ano.

No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa de novos casos em 2020 foi de 66.280

Há vários tipos de câncer de mama. Alguns têm desenvolvimento rápido enquanto outros são mais lentos.

E os casos em homens?

Homens normalmente não têm as mamas desenvolvidas, porém, tal como as mulheres, possuem tecido mamário e podem desenvolver câncer nessa região, mas os casos são raros: apenas 1% de todos os cânceres de mama. Por ser raro, o câncer de mama em homens é menos estudado e normalmente abordado segundo as condutas preconizadas para as mulheres.

 

Fatores de risco

O câncer de mama não tem somente uma causa. A idade é um dos mais importantes fatores de risco para a doença (cerca de quatro em cada cinco casos ocorrem após os 50 anos). Outros fatores que aumentam o risco da doença são:

• Obesidade e sobrepeso;
Sedentarismo (não fazer exercícios);
Consumo de bebida alcoólica;
Menstruação precoce (antes de 12 anos);
Menopausa tardia (após 55 anos);
Exposição frequente a radiações ionizantes (Raios-X);
Não ter tido filhos;
Primeira gravidez após os 30 anos;
Não ter amamentado;
Uso de contraceptivos hormonais (estrogênio-progesterona);
Ter feito reposição hormonal pós-menopausa, principalmente por mais de cinco anos;
Fatores genéticos e hereditários (risco elevado) – História familiar de câncer de ovário; Casos de câncer de mama na família, principalmente antes dos 50 anos; História familiar de câncer de mama em homens; Alteração genética, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2.

 

Sinais e sintomas

É importante que as mulheres observem suas mamas sempre que se sentirem confortáveis para tal (seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano), sem técnica específica, valorizando a descoberta casual de pequenas alterações mamárias.
Os principais sinais e sintomas do câncer de mama são:

Caroço (nódulo) fixo, endurecido e geralmente indolor;
Pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja;
Alterações no bico do peito (mamilo);
Pequenos nódulos na região embaixo dos braços (axilas) ou no pescoço;
Saída espontânea de líquido dos mamilos.

Ao serem identificadas alterações persistentes nas mamas, é importante procurar imediatamente um serviço médico para avaliação diagnóstica.

 

Diagnóstico precoce

Realizar o autoexame e rotineiramente procurar um médico para exames como a mamografia, são essenciais e fortemente frisados em campanhas de conscientização da doença. Isso porque o câncer de mama pode ser detectado em fases iniciais, em grande parte dos casos, aumentando assim as chances de tratamento e cura. Todas as mulheres, independentemente da idade, podem conhecer seu corpo para saber o que é e o que não é normal em suas mamas. A maior parte dos cânceres de mama é descoberta pelas próprias mulheres, por meio do autoexame.
Além de estar atenta ao próprio corpo, também é recomendado que mulheres de 50 a 69 anos façam uma mamografia de rastreamento (quando não há sinais nem sintomas) a cada dois anos. Esse exame pode ajudar a identificar o câncer antes do surgimento dos sintomas.
Mamografia é uma radiografia das mamas feita por um equipamento de raios X chamado mamógrafo, capaz de identificar alterações suspeitas.
Mulheres com risco elevado para câncer de mama devem conversar com seu médico para avaliação do risco para decidir a conduta a ser adotada.

 

Tratamento

Após os exames de imagem (mamografia, ressonância magnética, ecografia entre outros) identificarem uma alteração suspeita de câncer de mama, é necessário coletar parte do tecido da mama para uma biópsia, na qual serão identificadas as células tumorosas ou não.  Após todo o estudo do caso por parte da equipe médica, será definido o tratamento apropriado e o prognóstico do paciente.
Os tratamentos são divididos entre terapia local (cirurgia total ou parcial, radioterapia) e terapia sistêmica (quimioterapia, hormonioterapia, imunoterapia).

 

Prevenção

Cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis como a prática de atividade física regular, uma alimentação saudável, um peso corporal adequado, não consumir bebidas alcoólicas, amamentação. Além dos hábitos saudáveis, a realização periódica de exames de rastreamento também é uma forma importante de prevenção e permite um diagnóstico precoce.

 

Faça a mamografia!

A maioria das mulheres deve começar a fazer mamografias anualmente após os 50 anos, mas para quem tem histórico familiar de câncer de mama, o exame deve começar 10 antes do caso mais precoce na família. Assim, se um parente próximo teve esse tipo de câncer aos 40, é preciso começar a fazer mamografias anualmente a partir dos 30 anos.

*Com informações do INCA – Instituto Nacional de Câncer – Ministério da Saúde.

 

Pré-natal: conheça os principais exames feitos em cada fase da gestação 1024 403 Andre

Pré-natal: conheça os principais exames feitos em cada fase da gestação

A saúde da mãe e do bebê depende muito de um bom acompanhamento antes do parto. Além da frequência de consultas médicas, existem exames básicos de acordo com cada fase da gestação que toda futura mamãe deve fazer. A ginecologista e obstetra Dra. Luciana Longo, do Fleury Medicina e Saúde, preparou para nós uma lista completa desses exames pré-natal, incluindo também alguns opcionais, e explica para que serve cada um. Confira e converse com o seu médico! 

Primeiros Exames (Primeiro Trimestre)

Basicamente, estes são os exames realizados no primeiro trimestre nas gestações de baixo risco. Nas de alto risco, que envolvem gestantes com hipertensão crônica, diabetes e lúpus, por exemplo, estes e vários outros exames são solicitados pelo obstetra de maneira criteriosa e individualizada.

Exames de Sangue  

O médico vai pedir mais de 15 diferentes testes sanguíneos, em uma única coleta de sangue. Entre eles, estão: 

  • hemograma completo: investiga se a grávida tem anemia ou alguma infecção;
  • tipagem sanguínea: determina o tipo de sangue (ABO) e o fator Rh;
  • glicemia: verifica os níveis de glicose no sangue e um eventual diagnóstico de diabetes;
  • sorologias: diagnosticam possíveis infecções virais, bacterianas e causadas por protozoários, que podem causar malformações e problemas graves para o bebê.

Classificação: básico / obrigatório.

Exame de urina e de fezes 

O exame de urina detecta infecção urinária. Já o exame de fezes investiga a presença de parasitas que possam “roubar” os nutrientes e prejudicar a gravidez.

Classificação: básico / obrigatório.

Papanicolau

Avalia se existem processos inflamatórios e lesões no colo do útero, podendo ser feito com segurança em qualquer trimestre da gestação.

Classificação: básico / obrigatório.

Ultrassom obstétrico inicial

Esse primeiro ultrassom deve ser realizado preferencialmente por via transvaginal por volta de 8 semanas de gravidez. Essa é a melhor época para visualizar o útero, os ovários e o embrião, que mede cerca de 1 centímetro. Nesse exame, o médico verifica a quantidade de embriões, sua localização, se existem áreas de descolamento da placenta, miomas e avalia com precisão o tempo de gestação.

Classificação: básico / obrigatório.

Ultrassom Morfológico de 1º trimestre 

A recomendação é realizar este exame entre 11 semanas e três  dias e 13 semanas e seis dias de gestação, para avaliar o risco de alterações cromossômicas do bebê (a mais comum, Síndrome de Down) e grandes malformações, como anencefalia. O risco é avaliado principalmente pela medida de um líquido coletado na nuca do feto, a translucência nucal (TN), que está aumentada em cerca 90% dos fetos com síndrome de Down, alteração cromossômica mais frequente.

Classificação: básico / obrigatório.

NIPT (do inglês, Noninvasive Prenatal Testing) ou  Teste pré-natal não-invasivo

O NIPT é feito a partir de 10 semanas de gestação e identifica DNA fetal livre no sangue da mãe, pesquisando os cromossomos 21, 13, 18, X e Y, com excelente capacidade de detecção das síndromes de Down, Edwards, Patau, podendo ainda buscar outras síndromes ligadas aos cromossomos X e Y (como a Síndrome de Turner). O Fleury Medicina e Saúde oferece também o chamado NIPT ampliado, que, além dos cromossomos analisados pelo NIPT, é capaz de diagnosticar síndromes, como a de DiGeorge e mais algumas de difícil diagnóstico.

Estes exames podem ser realizados por todas as gestantes, principalmente com idade materna a partir de 35 anos e se o nível de ansiedade é elevado, podendo ser indicado principalmente em casos de translucência nucal aumentada, gestação anterior acometida por anomalias cromossômicas avaliadas pelo NIPT, pais com certas alterações cromossômicas que aumentem o risco fetal de Síndrome de Down ou Patau.

Classificação: opcional.

Exames do segundo trimestre

Exames de sangue

  • Hemograma e sorologias: repetição com a mesma finalidade do 1º trimestre.

Exame de urina

  • Pesquisa infecção urinária, como no 1º trimestre.

Ultrassom morfológico com doppler

Ele é solicitado entre a 20ª e a 24ª semana de gestação  e analisa em detalhes as estruturas do bebê, como ossos e órgãos, sendo capaz de detectar 85% das malformações. Também monitora o fluxo sanguíneo no feto, no cordão umbilical e nas artérias uterinas.

Classificação: básico / obrigatório.

Medida do colo do útero

Esse exame é realizado por um ultrassom transvaginal e verifica se o colo do útero apresenta-se curto para a idade gestacional, o que aumenta o risco de parto prematuro. Em geral esse exame deve ser feito no momento do ultrassom morfológico de 2º trimestre.

Classificação: idealmente básico e obrigatório.

Curva glicêmica

Feito entre 24 e 28 semanas de gestação, esse exame de sangue avalia se a grávida desenvolveu diabetes gestacional.

Classificação: básico / obrigatório.

Exames da Vitalidade fetal 

  • Cardiotocografia 
  • Perfil biofísico fetal

São exames realizados no 2º e no 3º trimestres, que avaliam a vitalidade do bebê e, se normais, associam-se a baixo risco de sofrimento fetal. São rotina em caso de certos diagnósticos, como diabetes gestacional, e podem ser pedidos como rotina para todas gestantes, de acordo com a avaliação do obstetra.

Classificação: opcional/ a depender de indicação médica.

Exames do terceiro e último trimestre:

Exames de sangue

  • Hemograma e sorologias: repetição com a mesma finalidade do 1º  e do 2º trimestres.

Exame de urina

  • Pesquisa infecção urinária, como no 1º e no 2º trimestres.

Ultrassom obstétrico 

É indicado depois de 30 semanas de gestação, mas pode variar de acordo com o médico. Essa é a última checagem, que avalia o crescimento e o peso do bebê e a quantidade de líquido amniótico. Em alguns casos, a função placentária também pode ser avaliada pela dopplervelocimetria, quando solicitada pelo obstetra.

Classificação: básico / obrigatório.

Teste de biomarcadores associados à pré-eclâmpsia

Para detectar o problema antes do surgimento de sintomas clínicos mais graves, o Fleury Medicina e Saúde oferece um teste que identifica biomarcadores associados à pré-eclâmpsia. Disponível em todas as unidades, o teste permite a dosagem de duas substâncias, o PLGF (fator de crescimento placentário) e o sFLt-1 – se o primeiro estiver muito baixo e o segundo muito aumentado em relação à gestação normal, é sinal de que a gestante pode ter complicações. Pode ser feito a partir de 20 semanas de gestação, indicado pelo obstetra.

Classificação: opcional/ a depender de indicação médica.

Lembrando que esses são os exames básicos para as gestações de baixo risco e que essa lista serve como um guia para acompanhamento junto com o médico especialista. Ele vai avaliar cada caso e seguir a melhor conduta. Além disso, nas gestações de alto risco, estes e vários outros exames são solicitados pelo obstetra de maneira criteriosa e individualizada. 😉

 

Melasma: entenda as causas dessas manchas na pele e sua relação com a gravidez 1024 403 Andre

Melasma: entenda as causas dessas manchas na pele e sua relação com a gravidez

As manchas escuras, de cor amarronzada, que recobrem partes do rosto, sobretudo testa e bochechas, estão entre as queixas mais comuns nos consultórios dermatológicos. Segundo pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a estimativa é de que o melasma acometa de 15% a 35% das mulheres brasileiras. 

O melasma tem uma incidência maior no sexo feminino e as gestantes apresentam uma predisposição maior devido às alterações hormonais, mas pode ocorrer também em homens. É mais frequente em pessoas com peles mais morenas ou negras, pois elas possuem uma produção maior de melanina (pigmento).

“O Melasma é considerado uma doença crônica multifatorial, ou seja, pode ser causada por diversas condições, tais como exposição solar, ou a lâmpadas de celulares e computadores, hormônios ( uso de anticoncepcionais orais), alterações inflamatórias ( tudo o que possa causar agressão: depilação, tanto com cera ou linha, uso de cremes ou ácidos sem orientação médica) e fatores genéticos”, alerta a dermatologista Daniela Righi, da Clínica Leger.

As causas que levam a pele a apresentar essas condições, no entanto, são um desafio para os médicos, já que são complexas e de difícil contenção. O que se sabe até agora é que determinados fatores desencadeiam a hiperpigmentação, o que ajuda a mapear as possíveis origens do problema para que se encontre a melhor forma de contornar a situação.

O melasma não tem cura definitiva e, por isso, é preciso ficar sempre atenta e cuidar para evitar que ocorra. “A rotina de cuidados deve fazer parte do dia a dia e controle do melasma. É importante frisar que ele não tem cura, podendo apresentar episódios de melhora e piora dependendo dos cuidados”, reforça a dermatologista.

Porém, é possível prevenir e disfarçar as manchas. Daniela adverte que, “na escolha dos melhores dermocosméticos é importante um filtro solar que além da proteção UVA e UVB ( radiação solar), também ofereça proteção IV ( Infravermelho, que é o calor, já que as temperaturas elevadas também ativam os melanócitos) e proteção contra luz visível ( lâmpadas , celulares e computadores) que embora tenham uma influência menor, também causam manchas”.

Hoje em dia, os filtros solares também podem conter associação com antioxidantes e clareadores. Segundo a dermatologista, é muito importante ressaltar que os filtros com cor oferecem uma proteção maior por serem filtros físicos. Entre os clareadores e antioxidantes mais conhecidos é possível citar a vitamina C, o ácido tranexâmico, o alfa arbutin, entre diversos outros que atuam em diferentes etapas, seja prevenindo a formação de novo pigmento ou atuando na destruição do pigmento já formado.

 

Melasma na gravidez

 

– Muitos dizem que o melasma tem relação com a gravidez. Isso é verdade ou apenas mito?

Dra. Daniela Righi: As gestantes apresentam uma predisposição maior à ocorrência de melasma devido às flutuações hormonais. Por outro lado, o melasma gravídico pode desaparecer em alguns casos, após o final da gestação, sem necessidade de tratamento. Mesmo assim, todos os cuidados de prevenção e não exposição solar devem ser observados. Os tratamentos nas gestantes e lactantes também devem ser diferenciados, já que algumas substâncias utilizadas, como o ácido retinóico, devem ser evitadas. Os peelings químicos também estão proibidos durante a gestação.

 – O estado emocional também pode contribuir para o aparecimento das manchas?

Dra. Daniela Righi: Sim. E isso ocorre porque a tensão constante ocasiona um estresse oxidativo em nosso organismo, o que prejudica o corpo como um todo. Não à toa, os antioxidantes fazem parte do tratamento.

– Quais atitudes do dia a dia podem fazer com que o melasma piore?

Dra. Daniela Righi: Sem dúvida a exposição ao sol e ao calor, principalmente sem proteção. Isso porque a luz ultravioleta estimula os melanócitos, células que produzem a melanina, pigmento que dá cor à pele. Além disso, a exposição solar é responsável pela reincidência do melasma. Vale ressaltar que não se deve fazer tratamento para melasma sem a orientação do dermatologista. Na tentativa de resolver este incômodo, você pode acabar encontrando vários outros.

 – Quais locais do corpo que costumam apresentar manchas escuras na gravidez e por que?

Dra. Daniela Righi: Na gravidez, é comum o surgimento de manchas escuras em áreas da face como testa e bochechas, mas outras áreas também podem escurecer, como mamilos, axilas, virilha, manchas prévias e também uma linha no abdome ( linha nigra), que desaparece  alguns meses após a gestação. 

 – Durante a gestação, tem algum tratamento para amenizar as manchas? 

Dra. Daniela Righi: Durante a gestação, deve ser orientado principalmente o uso de filtro solar, de preferência físico (com cor), a cada 3 horas, e não exposição aos fatores que causam Melasma, como já orientado previamente. Algumas substâncias devem ser evitadas durante a gestação, como a hidroquinona e o ácido retinóico. Os peelings químicos também estão proibidos durante a gestação.

 – Após o nascimento do bebê, as manchas somem totalmente? Quanto tempo depois isso acontece? 

Dra. Daniela Righi: Em alguns casos o Melasma gestacional pode desaparecer totalmente em torno de 3 a 6 meses, podendo não desaparecer completamente e necessitando tratamento específico.

 

*Com informações da Assessoria de Comunicação Dra. Daniela Righi/Clínica Leger.

Diástase pós-parto: entenda 1024 403 Andre

Diástase pós-parto: entenda

O que é?

A diástase é provocada pelo estiramento da barriga, que causa um afastamento do reto abdominal (o famoso “tanquinho”). Forma-se então um espaço entre os músculos, muito comum.

A partir daí, essa divisão entre os músculos forma uma lacuna, a diástase. Isso acontece devido à fraqueza do reto abdominal que fica muito esticado devido ao crescimento da barriga na gravidez (porque a parede do útero aumenta para receber o bebê). Algumas situações que favorecem o desenvolvimento da diástase abdominal são ter mais de uma gestação, gravidez de gêmeos, bebê com mais de 4 kg ao nascer e idade superior a 35 anos. Mas ela também pode acontecer fora da gravidez, quando a pessoa levanta objetos muito pesados numa postura incorreta, por exemplo.

O tamanho dessa lacuna varia normalmente de 1 a 3 centímetros dependendo da constituição muscular da mulher e do tipo de gestação que teve. Nos casos mais graves, pode chegar até 20 centímetros.

Algumas mulheres apresentam um afastamento tão grande que podem pressionar 3 ou 4 dedos em seu abdômen e estes “afundam” como se tivesse um buraco na barriga, por não ter ali a parede muscular que deveria impedir essa entrada.

Complicações da diástase

Além de prejudicar a estética da barriga, a principal complicação da diástase abdominal é o surgimento da dor nas costas na região lombar. Essa dor ocorre porque os músculos abdominais atuam como uma cinta natural que protege a coluna ao andar, sentar e fazer exercícios. Quando este músculo está muito fraco, a coluna fica sobrecarregada e há um maior risco de desenvolver hérnia de disco, por exemplo. Por isso, é importante realizar o tratamento, promovendo a união e o fortalecimento das fibras abdominais.

 

Tratamento

O tratamento pode ser por meio de exercícios físicos, que são de grande ajuda mas devem ser realizados com supervisão do fisioterapeuta ou personal trainer porque mal executados podem causar um aumento na pressão intra-abdominal, e aumentar a separação dos retos, piorando a diástase ou levar ao surgimento de uma hérnia. Alguns casos precisam de tratamento cirúrgico. A cirurgia é o último recurso para correção da diástase, mas é muito simples e consiste em costurar os músculos. Apesar da cirurgia poder ser realizada somente com este intuito, o médico também pode sugerir uma lipoaspiração ou abdominoplastia para remover a gordura em excesso, costurando o músculo para finalizar.

 

Como prevenir?

Como mulheres que já tiveram diástase tem predisposição para desenvolvê-la novamente em gestações futuras, recomenda-se um intervalo de pelo menos dois anos entre uma gravidez e outra.

Fortalecer a região com exercícios físicos é a sugestão número um de médicos e especialistas, mesmo antes da gravidez e também durante. Mas é necessário ter cuidado com esses exercícios.

Na gestação, não é recomendado fazer atividades de impacto ou muito intensas, pelo contrário – hidroginástica e caminhadas leves são exercícios mais adequados.

 

Exame avalia, no início da gestação, risco de desenvolver Pré-eclâmpsia 1024 184 Andre
exame pre-eclampsia

Exame avalia, no início da gestação, risco de desenvolver Pré-eclâmpsia

A pré-eclâmpsia é uma complicação séria da gravidez, que pode ser desenvolvida a partir da 20ª semana e até seis semanas após o parto. Você sabia que existe triagem logo no início da gestação para saber o risco de desenvolvê-la? Essa triagem, juntamente com o histórico de avaliação médica, permite identificar no primeiro trimestre de gestação mulheres com alto risco de desenvolver essa condição muito antes dos sintomas aparecerem. É um passo importante para proteger a saúde da mãe e do bebê, pois possibilita o monitoramento e o tratamento adequado no momento certo para evitar suas complicações.

Ela inclui um exame de sangue, identificado como teste de biomarcadores PIGF 1-2-3, a medida da pressão arterial e, em alguns casos, um ultrassom específico. O exame de sangue é simples, não precisa de preparo, realizado por alguns laboratórios particulares, e deve ser colhido entre a 11ª e 14ª semana de gestação. Esse exame tem caráter preventivo, pode ser utilizado no auxílio do diagnóstico da pré-eclâmpsia e também no prognóstico da doença no curto prazo em gestantes com suspeita. Além disso, ele pode ser usado no segundo e terceiro trimestres para uma reavaliação, monitoramento e diagnósticos eficientes. O médico vai interpretá-lo em conjunto com dados clínicos e laboratoriais.

Também é preciso destacar que esse teste sanguíneo é validado apenas para gestações de um único feto e que, infelizmente, ainda não está no rol dos exames cobertos pelo SUS, nem mesmo por alguns planos de saúde, somente como opção de investimento particular. Mãe Que Ama espera que um dia (e muito breve) esse passe a ser um direito de todas as futuras mamães!

É muito importante conversar com o médico sobre a necessidade e possibilidade de fazer essa avaliação para o diagnóstico precoce de pré-eclâmpsia. Reforçamos: com essa triagem, é possível avaliar o risco de ter a condição nas próximas semanas de gravidez e, assim, reduzir as antecipações desnecessárias de parto, o número de dias de internação e intensificar o monitoramento para que ela não evolua para uma eclampsia adotando um tratamento adequado.

 

O estudo ASPRE

O ASPRE é o maior estudo multinacional sobre a triagem de Pré-eclâmpsia. Financiado pela União Europeia e administrado pela Fetal Medicine Foundation, ele envolvendo mais de 30.000 gestantes em 6 países e mostrou que o tratamento simples com doses baixas de aspirina, sob recomendação e supervisão direta do médico, é efetivo para a prevenção da pré-eclâmpsia. Para identificar as mulheres do grupo de alto risco, o ASPRE empregou um programa de triagem combinada para primeiro trimestre, que incluiu o exame de sangue a partir do ensaio PIGF 1-2-3.

O objetivo do estudo foi avaliar a eficácia da triagem no 1º trimestre e o benefício da aspirina em baixas doses na evolução da gravidez para aquelas pacientes com alto risco.

Os resultados do ASPRE mostraram que a taxa de desenvolvimento de pré-eclâmpsia precoce caiu em 82%, e pré-eclâmpsia pré-termo em 62%, entre aquelas que receberam 150 mg de tratamento com aspirina por noite e estavam em alto risco de desenvolver a doença.

Uma análise secundária provou que, ao excluir as pacientes que conhecidamente sofrem de pressão arterial alta crônica, a terapia com aspirina permite quase erradicar a pré-eclâmpsia pré-termo em pacientes que estão seguindo corretamente o tratamento com aspirina, em 90% dos casos.

Esta é uma evidência convincente de que um programa de triagem, associado a um tratamento com baixa dose de aspirina, pode ajudar a reduzir a taxa de pré-eclâmpsia pré-termo e atrasar ou prevenir a pré-eclâmpsia. Embora o tratamento com aspirina não seja uma cura para a pré-eclâmpsia, menos mulheres precisam sofrer desta doença grave se a aspirina em baixas doses for administrada no início da gravidez.

 

Equilíbrio emocional: especialista explica o que pode fazer a diferença neste momento 1024 403 Andre

Equilíbrio emocional: especialista explica o que pode fazer a diferença neste momento

A busca pelo equilíbrio emocional é um passo importante para lidar com tantas mudanças e com o medo e as incertezas do que virá neste momento tão delicado que estamos vivendo por causa da pandemia. Pensando nisso, conversamos com a psicóloga e arteterapeuta especializada em perinatalidade e parentalidade, Erika Novaes, e trouxemos alguns pontos que merecem uma reflexão e podem ajudar as famílias a tocarem esses dias de forma mais leve.

Compreender os próprios sentimentos, focar em fazer aquilo que der conta e pensar em ser um pai ou uma mãe possível e não ideal são alguns dos destaques elencados pela psicóloga para evitar trazer para si uma sobrecarga excessiva. Confira a entrevista!

 

MQA: O que as famílias precisam saber para manter o equilíbrio emocional nesse período de isolamento por causa da pandemia?

ERIKA NOVAES: O que mais fica marcante para mim, pelo que tenho escutado das famílias, é a questão da produtividade. Vivemos em uma sociedade que cobra dos indivíduos, de modo geral, um nível de produtividade e de excelência que, parecem não combinar com cuidar de um bebê ou uma criança. As mulheres, principalmente, ainda são muito exigidas em relação a como cuidam de seus filhes [a psicóloga refere-se aos filhos assim mesmo com ”e”, como forma neutra e inclusiva, para agregar todos os gêneros. E faz o mesmo com outras palavras no decorrer da entrevista].
Penso que, sobretudo no momento que estamos vivendo, carregar consigo o mantra “vou fazer aquilo que eu der conta”, e pensar em ser um pai ou uma mãe possível, e não ideal, pode ajudar a não trazer para si uma sobrecarga excessiva, neste momento tão delicado coletivamente.

MQA: Como lidar com tantas mudanças e principalmente com o medo e as incertezas do que virá?

ERIKA NOVAES: Pode ser muito difícil lidar com a falta de controle que, coletivamente, estamos sentindo frente ao futuro. Sentir medo é normal. Penso que, para além de pequenos atos cotidianos que quero trazer ao fim da entrevista, falar sobre o que sente é, talvez, uma das coisas que mais pode ajudar a compreender os próprios sentimentos e lidar com eles. É muito importante poder contar com uma rede de apoio (agora mediada pela tecnologia). Família, amigues… incluindo aqui a possibilidade de ser escutade por um profissional. Hoje, existem muitos serviços e profissionais de psicologia, que estão atuando no atendimento focal e emergencial, justamente para questões decorrentes da crise que estamos vivendo.

MQA: No caso das gestantes e puerperes (e não puérperas, como nos sugere), alguma recomendação específica para cuidar da saúde mental nesse período?

ERIKA NOVAES: Para além de tudo que está sendo dito, quem está esperando filhes ou quem acabou de receber um bebê ou uma criança (incluo sempre as famílias de adoção), pode contar com os grupos de apoio. Grupos de pré-natal psicológico, de puerpério, de adoção… Estes grupos formam redes de apoio importantes para que estas pessoas possam compartilhar experiências, medos e angústias específicas da fase de vida que estão vivendo, além de serem parte de uma continuidade de cuidados e de contato social, e estão, em sua maioria, funcionando online.

MQA: E como agir com as crianças para que essa situação seja encarada de forma mais leve e equilibrada?

ERIKA NOVAES: Pensar em coisas que sejam possíveis de serem mantidas na rotina é algo que pode fazer sentido e trazer uma sensação do conhecido e de conforto. Manter, por exemplo, os horários das refeições, dos tempos antes da quarentena. Ou manter um determinado ritual feito com as crianças, como ler uma história antes de dormir. Enfim, manter aceso tudo que seja possível, e que remeta àquilo que conhecíamos como confortável e “normal”, pode ajudar. Poder falar com as crianças sobre o que está acontecendo, sinalizando para elas os motivos pelos quais a nossa vida mudou em tantos aspectos, também pode fazer sentido.
Além disso, ter um momento de escutar delas como estão se sentindo e poder falar de como se sentem, junto com elas, as ajuda a auxilia também aos adultes, a elaborar e dar significado ao que estamos vivendo.

MQA: O que pode fazer a diferença nesse momento para a família manter a saúde mental?

ERIKA NOVAES: Um pouco de tudo que já foi dito. Falar sobre o que sente, escutar outres, tentar manter alguma rotina possível, atividade física, tomar sol, fazer planos de curto prazo ao invés de planejar à longo prazo, manter algum contato social quando sentir que é possível, dentre outras coisas. Mas principalmente, construir ou manter vínculos que formem rede de apoio. Essa rede, em tempos de isolamento não irá, muitas vezes, ofertar ajuda para troca de fraldas ou para segurar o bebê enquanto se descansa, mas vai ofertar acolhimento, escuta, contato social, sorrisos, compartilhamento de sentimentos de todos os tipos e, principalmente, a noção de que em alguma instância, estamos juntes e vamos passar por esta grande crise e transformação assim, estando juntes.

MQA: Fala-se muito sobre oportunidades na crise. Como você vê essa questão no contexto da saúde mental da família, essa crise provocada pela pandemia é mesmo uma oportunidade de algo? Você diria que dá para tirar alguma “lição” de tudo isso que estamos vivendo?

ERIKA NOVAES: Essa é uma proposta de reflexão longa. O que estamos vivendo é uma grande crise global. Esta crise afeta, do macro ao micro, do planeta ao nosso universo interno. Todas as instâncias estão lidando com os abismos e incertezas em que fomos lançados. Lidar com algo assim, requer que busquemos internamente e coletivamente, os recursos que temos para nos adaptar e formular novos meios de fazer absolutamente tudo.
Nosso “jeito” de existir está sendo chamado para um convite de mudança. Porque o jeito antigo não cabe mais, e não sabemos o que dele, ainda caberá. Portanto, como em todo período de crise, ao encontrarmos potências e recursos internos e externos para lidar com o que está acontecendo, uma nova oportunidade se apresenta à nós.
No entanto, este conceito de “lição de vida”, me parece falacioso. Esta possibilidade de re-significar o mundo, é um tanto elitista, visto que pessoas em maior situação de vulnerabilidade, estão ocupadas em usar seus recursos internos e externos para sobreviver. Então, tomar cuidado para não cairmos na onda “good vibes” e gastarmos tempo procurando as grandes lições positivistas que podemos tirar da situação atual, é importante.
Por agora, penso que é momento de re-conhecer os próprios recursos e buscar ajuda caso esteja difícil de fazer isso sozinhe. E usar estes recursos para lidar com as questões mais urgentes, como a elaboração dos lutos simbólicos de tudo que perdemos com a pandemia, e lutos reais, de todas as pessoas que já perdemos e que iremos, possivelmente perder. O que vem a partir daí, vai depender de como cada família, cada pessoa, irá se reorganizar. E o quanto, cada pessoa, vai dar conta de enxergar oportunidades em meio ao caos, vai depender dessas elaborações, da rede de apoio que tiver e das condições socioeconômicas que estiverem disponíveis.
Em suma, toda crise pode trazer mudanças positivas, mas romantizar as crises, colocando nelas, essa carga de caldeirão de possibilidades de um mundo melhor e de grandes transformações internas e/ou externas, pode mais gerar ansiedades e sentimentos de incapacidade, do que algo positivo de fato.

 

SOBRE A ENTREVISTADA:

Erika S. de Novaes (CRP. 06/102892) – Psicóloga e arteterapeuta, especializada em perinatalidade e parentalidade pelo Instituto Gerar de Psicologia Perinatal e Parental. Atua na área clínica com atendimento a gestantes, casais e puérperas, e facilitando grupos e oficinas terapêuticas. Também tem formação em educação perinatal, e ministra aulas, oficinas e palestras para profissionais da área e para famílias. É Curadora do Siaparto há 3 anos e diretora do Núcleo Anima há 6 anos. Instagram: @parentalidadepossivel / erika.parentalidadepossivel@gmail.com .