Disfagia na infância: o que e quais os sintomas?
A disfagia não é uma doença, trata-se de um distúrbio na deglutição que pode ocorrer em qualquer fase da vida. Essa condição é caracterizada por dois tipos: disfagia orofaríngea, também chamada de disfagia de transferência ou disfagia alta, que afeta a cavidade bucal e a faringe, causando dificuldade para engolir; e disfagia esofágica ou esofagiana, também intitulada disfagia de transporte, quando existe dificuldade de passagem do alimento depois do processo de deglutição.
Com relação à causa, ela pode ser neurogênica ou mecânica. A Dra. Janaina Resende, médica especialista em Otorrinolaringologia Pediátrica, explica no artigo “Disfagia na Infância: o que é, como diagnosticar e tratar?”, publicado no Portal Ped.
Segundo ela, a Disfagia Neurogênica engloba, de maneira geral, pacientes com alguma doença neurológica (encefalopatias crônicas, paralisias cerebrais, síndromes, tumores cerebrais, doenças neuromusculares degenerativas). Já a Disfagia Mecânica consiste em alterações na estrutura facial e aerodigestiva. Alguns exemplos são defeitos congênitos craniofaciais, sendo mais comuns as fissuras palatinas, além de condições congênitas do intestino, hérnia diafragmática e refluxo gastroesofágico.
“Estudos mostram que crianças com doença neurológica têm elevados índices de comprometimento da fase faríngea da deglutição, sendo a disfagia neurogênica um importante fator de risco para desnutrição e problemas pulmonares crônicos (em consequência da aspiração traqueal), com alta morbidade”, destaca a especialista.
Além disso, de acordo com a Dra. Janaina Resende, causas não estruturais e de disfunção também precisam ser consideradas. “Em quadros de disfagia aguda na infância, deve-se considerar processos infecciosos e inflamatórios, que por conta de dor e presença de secreção espessa acometendo vias aéreas, atrapalham a respiração nasal e, consequentemente, a deglutição. E não podemos nos esquecer de corpos estranhos na via aero digestiva”, explica a médica em seu artigo.
No texto, ela aponta também os fatores de risco para o desenvolvimento do distúrbio:
“Prematuridade, baixo peso ao nascimento, alterações congênitas, asfixia perinatal, sepse, necessidade de cirurgia já nos primeiros meses de vida, internação prolongada, necessidade de UTI neonatal ou pediátrica são fatores de risco importantes na infância e que podem acompanhar a criança por longo período, levando a consequências para o desenvolvimento e para habilidades neuropsicomotoras, inclusive contribuindo na recusa alimentar por parte da criança, o que pode tornar-se um enigma complexo para profissionais da saúde que lidam com distúrbios da alimentação”.
MANIFESTAÇÕES DA DISFAGIA
São observados alguns sintomas comuns:
- Dificuldade de engolir alimentos;
- Tosses e engasgos frequentes durante a alimentação;
- Náuseas e vômitos;
- Recusa alimentar;
- Irritabilidade durante a alimentação;
- Escorrimento do alimento pelos lábios/Escape oral;
- Regurgitação nasal;
- Rouquidão;
- Restos de alimentos na boca após as refeições;
- Obstrução nas vias respiratórias, parciais ou não.
Qualquer distúrbio no controle da deglutição necessita de tratamento adequado, pois pode acarretar em situações de risco ao indivíduo, como aspiração pulmonar do alimento, pneumonia, ou casos de acometimento nutricional, com desidratação e desnutrição. Por isso, a identificação e o controle dessa condição devem ser trabalhados de maneira interdisciplinar, com auxílio dos avanços tecnológicos e aprimoramento das equipes que atuam com esse paciente.
“É papel do médico (pediatra ou otorrinolaringologista) questionar os pais ou responsáveis como é o comportamento da criança com sua alimentação, o tipo de alimento que está comendo e se está adequado à sua idade. Isso deve ser feito desde os primeiros dias, quando do aleitamento materno, e também nos meses seguintes, durante a introdução das papinhas e dos alimentos sólidos.”, explica a especialista, que conclui: “O papel do médico e profissional de saúde que atende pacientes com fatores de riscos para disfagia é estar atento e evitar o sub diagnóstico. A criança disfágica merece cuidado e atenção especial para sua melhor evolução, com base em uma terapia individualizada; caso isso não ocorra, haverá comprometimento do seu prognóstico, desenvolvimento e qualidade de vida”.
Fonte: Portal Ped.
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