Leite materno: um “alimento de ouro”! Entenda sua composição e suas funções
“O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e constitui a mais sensível, econômica e eficaz intervenção para redução da morbimortalidade [índice de incidência das doenças e dos óbitos na população] infantil. Permite ainda um grandioso impacto na promoção da saúde integral da dupla mãe/bebê e regozijo de toda a sociedade”.
Assim, o Ministério da Saúde apresenta o Aleitamento Materno no Caderno de Atenção Básica Saúde da Criança, 2ª edição, 2015.
Os seus benefícios já são mundialmente difundidos e conhecidos: estima-se que o aleitamento materno poderia evitar 13% das mortes em crianças menores de 5 anos em todo o mundo por causas evitáveis. Além disso, o leite materno protege contra diarreias, infecções respiratórias e alergias. Ele também diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes, além de reduzir a chance de desenvolver obesidade. Ainda há evidências de que o aleitamento materno contribui para o desenvolvimento cognitivo dos bebês.
Isso, sem falar nos tantos benefícios para a mãe, como: ajuda a reduzir o peso mais rapidamente após o parto; ajuda o útero a recuperar seu tamanho normal, diminuindo o risco de hemorragia e de anemia nesse período; reduz o risco de diabetes; e reduz o risco de desenvolvimento de câncer de mama e de ovário.
Ou seja, a amamentação é sem dúvida um processo natural muito sábio e valioso, insuperável e recomendado, inclusive, quando a mãe está com suspeita de COVID-19 ou confirma a doença e está bem e se sente à vontade para amamentar, seguindo os cuidados adequados de higiene. O leite materno é o melhor e mais nutritivo alimento para os bebês, um “alimento de ouro” como associado na campanha Agosto Dourado , da Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP.
Mas você sabe quais são suas características, composição e funções em cada fase da amamentação?
Pesquisamos sobre esse assunto e trazemos as principais informações e curiosidades para você:
1 – Sabia que, apesar da alimentação variar muito entre as pessoas, o leite materno apresenta composição semelhante para TODAS as mulheres que amamentam do mundo? E apenas nos casos de desnutrição grave elas podem ter o leite afetado na sua qualidade. Surpreendente, não?
2 – Nos primeiros dias, o leite materno é chamado de colostro, que contém mais proteínas e menos gorduras do que o leite maduro, que é aquele leite produzido do sétimo ao décimo dia pós-parto.
3 – O leite de mães de recém-nascidos prematuros é diferente do de mães de bebês a termo – que são os nascidos entre a 39ª e a 41ª semana de gestação, duração considerada ideal para a saúde da criança.
4 – O leite de vaca tem muito mais proteínas que o leite humano e são proteínas diferentes. A principal proteína do leite materno é a lactoalbumina e a do leite de vaca é a caseína, de difícil digestão para a espécie humana.
Veja na tabela essas diferenças:
5 – De fato, a concentração de gordura no leite aumenta no decorrer de uma mamada. Ou seja, não é mito aquela orientação de que é importante a criança esvaziar bem a mama, pois o leite do final da mamada (chamado leite posterior) é mais rico sim em energia (calorias) e sacia melhor a criança.
6 – Você já deve ter ouvido falar, mas é sempre importante ressaltar que o leite humano possui numerosos fatores imunológicos que protegem a criança contra infecções. A “IgA” secretória é o principal anticorpo, atuando contra microrganismos presentes nas superfícies mucosas. Segundo o Ministério da Saúde, “os anticorpos IgA no leite humano são um reflexo dos antígenos entéricos e respiratórios da mãe, ou seja, ela produz anticorpos contra agentes infecciosos com os quais já teve contato, proporcionando, dessa maneira, proteção à criança contra os germens prevalentes no meio em que a mãe vive”. A concentração de IgA no leite materno diminui ao longo do primeiro mês, permanecendo relativamente constante a partir de então.
7 – No Caderno do MS sobre Amamentação, são citados outros fatores de proteção do leite materno, além da IgA, como: anticorpos IgM e IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, lisosima e fator bífido. Esse último favorece o crescimento dos Lactobacillus bifidus que compõem a flora intestinal predominantemente em crianças amamentadas exclusivamente ao peito, acidificando as fezes e assim dificultando a instalação de bactérias que causam diarreia.
8 – Alguns dos fatores de proteção do leite materno são total ou parcialmente destruídos pelo calor, por isso é preciso muito cuidado para aquecer o leite humano, pois em elevadas temperaturas sofre alteração na sua composição e não terá o mesmo valor biológico.
Além dessas informações sobre a composição do leite materno, o Caderno do Ministério da Saúde tem um guia completo sobre Aleitamento Materno e Alimentação Complementar.
Ele está disponível aqui para quem quiser saber mais. 😉